Demorei a assistir ao novo filme da Mulher Maravilha pois não estava me sentindo à vontade para ir em cinema em plena pandemia. Assim, esperei até que houvesse uma alternativa. Na última quinta-feira, dia 28, o filme chegou à algumas plataformas no Brasil, e eu, decidi assistir alugando-o no Claro Now. Sabendo das críticas que o filme recebeu, assisti WW1984 sem grandes expectativas, e ainda assim me decepcionei.
Esse texto contém spoilers.
O filme ambientado na década de 80, a princípio parece que será super divertido. Bem tipo as comédias daquela década. Bom, eu nasci em 1980 e a década de minha infância tinha essa coisa meio boba mesmo. WW1984 tem mesmo muito a pegada dos filmes do Super-homem daquela época com o saudoso Christopher Reeve. E até aí tudo bem.
Nos deparamos com uma Diana mais triste, mais fechada, completamente solitária. Isso se explica com um take que mostra algumas fotos dela do passado, dos diversos amigos que ela teve, que envelheceram e faleceram, mas ela não. E é perfeitamente compreensível que ela se feche para novos relacionamentos por causa disso. Por essa razão, quando ela conhece Barbara Minerva (Kristen Wiig), ela se mostra fria, tentando não se envolver. É uma Diana muito diferente do que conhecemos no primeiro filme, mas, mais uma vez, é natural que ela se encontre assim nesse momento de sua história.
Nos quadrinhos, a Mulher Maravilha tem uma amizade importante com a Dra. Minerva antes de que esta se torne a Mulher Leopardo (ou Cheetah). E é por isso que Diana sempre tenta recuperar a amiga. Mas no filme essa amizade não tem tempo hábil o suficiente para crescer e se fortalecer. Primeiro porque Diana está fechada a amizades e quando dá uma oportunidade à Dra. Barbara – uma mulher solitária que deseja mais do que tudo deixar de ser invisível e fazer amigos – o máximo que acontece é uma conversa amigável. Podemos dizer que são apenas colegas.
No meio disso tudo Diana está muito voltada pra si mesma com a volta de Steve Trevor (Chris Pine), mostrando mais um lado “que se dane todo mundo, deixa eu ser feliz um pouquinho”. E tudo bem, é o lado humano imperfeito da semi-deusa. Tudo isso é muito compreensível dentro da história, mas ainda assim o roteiro é fraco. Não passaria de um bom divertimento para mim se não houvessem algumas coisas que me incomodaram bastante como fã da super-heroína. E é aí que o calo aperta, não é mesmo? Não me considero uma talifã, e compreendo que essas coisas que me incomodaram não fazem a menor diferença pra quem não conhece a fundo a história da personagem.
O que achei ruim?
Me incomodou demais a história do jato invisível. Rola um diálogo pífio no qual Steve sugere que para chegar do outro lado do mundo tinham que ter um avião muito rápido. Daí corta a cena e Diana o leva pra roubar um jato. Jato roubado, vem outro diálogo “Oh! Mas hoje em dia existem radares!”, “Então peraí que vou usar um super poder aqui que herdei do meu pai e vou deixar ele invisível”. E ambos passam lentamente com o jato no meio de fogos de artifício.
Outra coisa que me incomodou foi o jeito que ela “aprende” que pode voar. Deu uma forçada totalmente desnecessária, uma vez que no primeiro filme Diana já tinha ensaiado flutuar no ar. Precisava mesmo que o Steve a dissesse que voar era fácil?
Os efeitos especiais são bem ruins em determinados momentos – principalmente na transformação completa da Cheetah; Há vários furos de roteiro, como quando do nada Diana aparece com a armadura dourada; e a história que tinha tudo pra ser agradável vira uma bagunça danada.
A armadura dourada é até maneira, mas achei mal aproveitada e meio que sem justificativa.
O que eu gostei de verdade?
Kristen Wiig está incrível no papel de Barbara Minerva. A caracterização final é de um CGI mal feito, mas o processo até ela chegar na versão final da vilã é muito bem construído dentro do que é possível fazer em um filme. Ela perde lentamente a humanidade, de maneira bastante sutil a princípio e que, aos poucos, vai ficando cada vez mais evidente. A atriz que é mais conhecida por seus papéis humorísticos, consegue dar uma riqueza e profundidade à personagem com excelência.
Perto disso, a atuação de Gal Gadot ficou bem apagadinha. E eu adoro a Gal no papel de Mulher Maravilha, mas em WW1984 algo não funcionou.
Pedro Pascal como Maxwell Lord dá um tom bem canastrão ao vilão. É um vilão que não deixa a gente sentir raiva dele. Assim como não dá para sentir raiva da Cheetah. No fundo, Maxwell Lord é apenas um cara fracassado que está desesperado por uma oportunidade na vida, acaba se deixando levar por uma ganância que perde o controle. Claro que por causa disso há um caos no mundo, o que nos mostra que nosso egoísmo pode ser catastrófico. E talvez seja essa a mensagem do filme no final das contas.
As caracterizações são ótimas. Os figurinos dos anos 80, super condizentes com o que a década era.
Não posso afirmar que gostei do filme. E que tampouco o odiei. Mas preferiria não ter torrado 50 contos no aluguel de WW1984. Uma pena, porque esse filme tinha tudo pra ser incrível assim como o primeiro. Ele tem vários elementos super bacanas da história da Mulher Maravilha, mas parecem ter sido jogados no meio da salada que o filme é sem nenhuma justificativa plausível. Deu ruim. Eu deveria ter esperado sair na Netflix.
E vocês? Já assistiram o filme? Deixem nos comentários que eu quero saber =)